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Em Maio, os estaleiros da Howaldstswerken-Deutsche Werft (HDW) situados na cidade de Kiel, no Norte da Alemanha, forneceram a Israel o quarto submarino ultramoderno da classe Delfim. Os três primeiros foram quase totalmente pagos pela Alemanha, isto é pelo povo alemão e em primeiro lugar pelas vítimas da política anti-social do Governo de Berlim no quadro da “ajuda militar” a Telavive. Israel e a Alemanha têm procurado manter o mais discretamente possível este negócio cujas implicações são extremamente graves. Os submarinos estão preparados para com ligeiras modificações poderem transportar e lançar ogivas nucleares até 1500 e 2000 quilómetros de distância. É uma manifestação de irresponsabilidade total do Governo alemão, infringindo as leis que limitam a exportação de material bélico do seu país, fornecer armamento tão sensível a um Estado que além de já possuir o exercito mais perigoso da região, insiste em manter uma política agressiva contra os estados árabes e os seus vizinhos e oprime de uma maneira tão brutal os direitos do povo palestiniano. O escandalo ainda é maior se pensarmos que a actual chanceler Angela Merkel, então na oposição, apoiou a agressão militar e a invasão pelo célebre trio Bush, Blair & Barroso do Iraque, país acusado falsamente de possuir armas de destruição maciça.

Mas no caso de Israel é exactamente ao contrário. Israel é o único Estado do Médio Oriente que possui de facto armas atómicas tendo em conta que o Paquistão está situado já muito longe de Israel junto à fronteira da Índia.

Os estaleiros da HDW que pertencem ao grupo ThyssenKrupp, dois nomes sonantes da indústria do armamento alemão e que levaram Hitler e o partido nazi ao poder, são célebres pelas suas tradições militaristas. Uma tradição que se manteve mesmo depois de 1945 com o rearmamento da Alemanha e a sua integração na NATO embora sem recurso ao armamento nuclear. Assim, em 1967, a HDW produziu submarinos para a ditadura dos coronéis na Grécia. Em meados dos anos setenta o Xá da Pérsia encomendou também meia dúzia daqueles vasos de guerra mas não tendo sobrevivido politicamente à sua entrega, dois deles foram parar ao Chile do sanguinário general Pinochet. E a marinha de guerra da Turquia, “democracia” da NATO com o maior número de golpes de Estado militares, também não pode prescindir deste instrumentos de guerra. Para fazer crer que a Alemanha luta pela defesa da “democracia” e dos “direitos humanos” à escala globar, os negócios militares com o regime do apartheid foram assinados secretamente em 1985.

Se tivermos em conta o sofrimento e a opressão que se abatem sobre o povo palestiniano e as leis discriminatórias que reinam nos territórios ilegalmente ocupados por Israel, a situação é quase idêntica à do então regime racista sul-africano.

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Rui Paz

Fonte Jornal Avante! 28.6.2012